A Podologia Aplicada ao Esporte

Marathon running race, people feet on city road

Diferente das diversas especialidades da medicina, dada a complexidade do corpo humano e da necessidade de se conhecer cada uma das estruturas e sistemas corporais, a podologia não pode tratar os pés com uma visão limitante à especialização.

De modo geral, a podologia tem seu conceito de atividade que norteia, ou melhor, nos guia, para a melhor prática profissional sendo um ramo auxiliar da medicina. Tem sua atuação voltada para os pés, através de estudo aprofundado da anatomia, fisiologia e podopatias. Desenvolve o conhecimento biomecânico do tornozelo e dos pés, a fim de compreender a marcha e os problemas que a dificultam, podendo desta forma optar pelo melhor tratamento dentro de uma visão ampla multidisciplinar.

“O podólogo é um profissional de saúde, especialista em pé, com um campo de atuação que engloba a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e reabilitação das afecções e deformidades das extremidades inferiores…”, Clínica Universitária de Podologia – Madrid – Espanha.

“Podologia é o ramo auxiliar da Medicina que estuda com critério científico a marcha, a locomoção, a estrutura, a função, o desenvolvimento e as incapacidades físicas que afetam o pé e o tornozelo humanos.”, J. Lelievre.

Tendo como referência estes conceitos, Ezequiel defende a atividade profissional da podologia como única, porque se trata de uma estrutura comum a todos os seres humanos independente da atividade exercida. Ressalta ainda que todo profissional da podologia deveria desenvolver conhecimentos e habilidades em Anatomia, Osteologia, Artrologia, Cinesiologia, Biomecânica, Podoposturologia, Radiologia, Onicologia, Metabologia, Oncologia, Geriatria, Dermatologia, Farmacologia, Cosmetologia, Fisiopatologia e Reabilitação, aplicadas aos pés.

Com o aumento da expectativa de vida, a prática da atividade física e esportiva é hoje uma das principais preocupações da sociedade para a prevenção e auxílio no tratamento de diversas doenças. “Quando utilizamos o esporte e o exercício físico, associados às práticas de cuidados como a podologia, reduzimos os riscos e melhoramos a qualidade de vida, ou seja, as pessoas vão se beneficiar do exercício para controlar o diabetes, o colesterol, diversos problemas pulmonares, osteoporose, obesidade, hipertensão, entre outros”, comenta Ezequiel. É nesse contexto que utilizamos a Podologia Esportiva.

É ela que estuda, previne e trata as principais doenças que acometem os pés de esportistas em todas as suas esferas. Em busca de saúde e bem-estar para os pés, a podologia esportiva visa aliviar os atritos ocorridos durante os treinos e competições dos atletas de todas as categorias.

Podemos dizer que o acompanhamento de um podólogo é indispensável para qualquer atleta, já que esta supervisão pode evitar ou tratar lesões como calos, deslocamento ou perda de unhas, entre outros.

Cada modalidade esportiva apresenta suas necessidades específicas de acordo com a atividade desenvolvida. No Brasil os esportes que mais utilizam a podologia esportiva são futebol e corrida. A atuação do profissional costuma ser junto da equipe técnica e médica auxiliando nas avaliações da pisada, realizando testes específicos de Podologia Esportiva, como a baropodometria computadorizada, avaliação da distribuição das pressões plantares, detectando patologias mecânicas e doenças que afetam os pés e suas repercussões com todos os sistemas corpóreos. Atua também realizando a podoprofilaxia, avaliando os calçados quanto aos danos que os mesmos podem causar ao atleta, indicando ou acompanhando o uso de palmilhas confeccionadas sob medida e de acordo com as necessidades detectadas através dos testes biomecânicos e posturais específicos.

Segundo os livros de história, a podologia esportiva divide-se em três fases: a primeira que vai até o século XVII e conta que em Roma existiam pessoas que tratavam dos pés dos senadores e de César. A segunda origina-se na Europa a partir do século XVII, o professor Jacobus Maximus (italiano que viveu na Alemanha) afirmava que a pedra de “Safonya” era excelente para o tratamento dos calos. John Hardman operou os dedos do pé do rei e foi protegido pela nobreza inglesa até sua morte em 1741. Já terceira fase, relata que Napoleão Bonaparte tinha vários quiropodistas no seu exército, porque dizia ele que “pés bem tratados vencem uma batalha”.

Daí em diante, a cada dia a profissão cresce e se fortalece. Citemos Raimundo Senna, que nos anos 70 atendeu o nosso “Rei do Futebol”, Edson Arantes do Nascimento (Pelé), e Fernando Cauzo Filho, pedicuro calista da Seleção Brasileira, de 1965 a 1966. Dois grandes profissionais, que representaram a podologia no meio esportivo, em uma época de menor expressão desta atividade profissional.

Hoje, apesar de pouco explorado, o espaço conquistado pela Podologia é cada vez maior em todas as áreas da atividade humana, com atuações que vão da pediatria e do esporte, até geriatria. Com o reconhecimento e o registro da atividade profissional por parte dos ministérios de Educação e do Trabalho, a meta agora é melhorar a estrutura para que a profissão seja regulamentada.

O mercado cresce e certamente absorverá o profissional que melhor preparado estiver, aquele que busca conhecimento constante. Como dizem alguns textos judaicos:

“O milagre não prova o impossível; serve, apenas, como confirmação do que é possível”.

Fonte: Ezequiel Pereira Rocha
Artigo redigido para a Revista Educação Profissional e disponível nas páginas 18 e 19 da Edição nº 5.